segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Quem é você?!




Quem é você para dizer que isso não é arte?
E quem sou eu para dizer que é?
E quem são eles para dizer que aquilo que você faz não presta?

Quem somos nós, que matamos uns aos outros? Somos a poeira dos nossos pés. Somos o ontem de um amanhã que, pelo jeito, nem vai existir. Somos a solução e a praga do mundo, que é nosso, que é seu e meu, mas que não poderá mais ser de ninguém se tudo continuar do jeito que está.

O que é isso que você leu? Nada, em comparação com o que eu poderia fazer...

Expectativa

Futuro - o que nos reserva esse fantasma desalmado?

Se angustiar pelo que ainda vai aparecer não parece uma escolha sábia. Claro que quando as coisas estão garantidas para o futuro, as pessoas têm que se preparar com expectativas. Mas para sonhadores - assim como eu - qualquer centelha de esperança vai desencadear um incêndio de proporções gigantescas, porque para essas pessoas o mundo é pouco. Sofredores sem sofrimentos existem aos montes!

A expectativa nasce como uma consolação para incapacidades momentâneas, porque assim - com expectativas, esperar pelo momento faz com que tenhamos a impressão de estarmos vivendo o momento antes dele chegar. E esses são os sonhos. E como adoramos sonhar, a expectativa vai se tornando parte da gente. Mas será que esperar ansiosamente por um momento vai tornar esse momento ainda melhor? Talvez não tenha nada a ver... talvez o momento seja do jeito que tem que ser com ou sem expectativa. Mas há de se admitir que quando esperamos algo com agonia, o final tem sempre um sabor mais gostoso.

Isto é o que somos: um terreno infecundo que arranja formas miraculosas de obter fertilidade.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O Último Rei da Escócia - The Last King of Scotland



Titulo: The Last King of Scotland (O Último Rei da Escócia-Br)
2006
Direção: Kevin Mcdonald
Roteiro: Jeremy Brock (Lições de Vida), Peter Morgan (A Rainha) e Giles Forden
Gênero: Drama Social

Logo no comecinho, o protagonista gira uma miniatura do globo terrestre, e baseado em seu resultado, ele vai para o local. Então, na hora, pensei: "Vem um filme de comédia por aí", tipo Eurotrip, mas - ainda mais por que ele já estava na Europa - não foi isso. Eu estava no clima para um filme assim, mas a TV me deu este, então aceitei.

Uganda - foi o seu destino - tem um novo presidente, Idi Amim (Forest Whitaker). Numa incrível combinação de destinos, o jovem médico escocês Nicholas Garrigan (James McAvoy), que foi a Uganda em busca de aventura e acabou ficando lá para ajudar o país que precisava muito de suas habilidades médicas, envolve-se com o presidente, e aos poucos vai se tornando seu braço-direito. E mais aos poucos ainda ele vai compreendendo como as coisas realmente funcionam naquele lugar. E a pessoa cordial e expansiva que o presidente aparentava ser, também possuia um lado tirânico.

No meio desta confusão é que o filme passa toda a sua qualidade. Um homem aparentemente benevolente e prestativo, e que ao mesmo tempo - o próprio médico nota - um sujeito que é movido por impulsos e que não tem limites. Por ingenuidade ou por puro deslocamento, o médico vai acreditando, confiando no tirano. E aí nos perguntamos: "Se fosse a gente, o que faríamos?" Bem, acho que não seria tão diferente. O cara era o presidente, te elege como fiel escudeiro e demonstra sincero apreço, isso deixaria qualquer um bobo. A desconfiança existia, mas a certeza era quase impossível se ter naquelas condições. O filme causa apreensão do começo ao fim e não nos deixa desgrudar o olhar da tela.

Nota: 9,3
Melhor Atuação: Se deram um Oscar para ele, quem sou para discordar? Forest Whitaker brilhou no papel de Idi Amim, com expressões que garantem a metade da apreensão que eu disse acima.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Tradição e manias


O ano virou, que ótimo! Mas o próximo ano não pode vir sem que façamos nossas preces e simpatias... Uns tentam usar branco, para que a paz reine no ano que vai chegar. Alguns pulam sete ondas para que a sorte os acompanhe sempre. Outros prometem mudar o comportamento e que, a partir do primeiro segundo do ano, como mágica, tudo mudará.

Mas será que esses rituais bastam para garantir um futuro do qual iremos gostar? Eu acho que se não pararmos para identificar nossas falhas, se não jogarmos realmente o nosso lixo fora, se não quisermos mudar de verdade e com fé, não adianta virar o mundo de cabeça para baixo - ainda seremos os mesmos!

Então, a melhor simpatia para a virada do ano é a simpatia íntima, sem regras e sem rituais, de trabalhar nossos corpos, mentes e... almas, para aprender a controlar a nós mesmos e guiar nossas vidas da maneira que quisermos. Essa é a minha simpatia! Bom 2010 para todos!

sábado, 2 de janeiro de 2010

Mulheres Perfeitas - The Stepford Wives



Título: The Stepford Wives (Mulheres Perfeitas-Br)
2004
Direção: Frank Oz (de A Chave Mágica, Será que ele é? e A Pequena Loja de Horrores)
Roteiro: Paul Rudnick (de Será que ele é? e A Família Adams 2)
Gênero: Terror??


A princípio, parece que o filme será mais um filme de drama familiar. Uma mulher moderna e uma profissional de sucesso, Joanna Eberhart (Nicole Kidman) se vê de repente sem emprego e seu casamento a ponto de ruir. Então ela, junto com o marido, Walter Kresby (Matthew Broderick), e os filhos, parte para recomeçar a vida, em um lugar afastado e organizado, chamado: Steford. Lá vive a perfeição; tudo arrumado, todos ricos, mulheres perfeitas e maridos exemplares. Aos poucos ela vai percebendo que há algo de muito estranho nessa perfeição, então passa a investigar e descobre a existência de um plano radical para evitar problemas familiares.

Que Fred Kruger que nada! Desde a Trilha Sonora aos movimentos de câmera, tudo nos passa a ideia de um filme de terror daqueles! Sem o elemento morte e sofrimento, Mulheres Perfeitas nada mais é que um filme de terror. As esposas de Stepford têm uma beleza tão fortemente montada, que nos assusta mais do que qualquer serial killer. Um filme surpreendente e ao mesmo tempo previsivel em seu desenrolar, mas que ao final impacta e nos faz ficar de boca aberta. Mulheres Perfeitas vai fazer você rir, e também fará você parar para pensar: "Tá, tudo está perfeito. Mas e agora, o que fazer com isso?"
Tratando com bom humor o estereótipo da mulher moderna, que como eu disse aqui, está mudada, o filme retrata a angústia do homem em perder seu espaço, e da mulher, em já não poder ser aquilo que ela mesmo espera de si. Destacarei duas frases, que estão na mesma cena ou quase. A primeira é um diálogo dos personagens centrais, Walter Kresby (Matthew Broderick) e Joanna Eberhart (Nicole Kidman).


- Você é melhor oradora - ele diz. - Uma melhor executiva. Você é até melhor no sexo, e não negue.
- Eu não ia negar - ela responde.
- Bem, será que eu não tenho nada?
- Tem a mim.
- Não, eu tenho que segurar vela. Tenho que dizer as crianças que você vai chegar atrasada de novo. Tenho que dizer a imprensa que você não tem nada a declarar. Eu tenho que trabalhar para você!
- Não, comigo.
- Todos nós casamos com mulheres maravilhosas. Super mulheres! Rainhas amazonas. E sabe o que isso nos torna?
- Espertos, valiosos, sortudos.
- Somos covardes! O ar que segura as asas de vocês, nós somos o apoio de vocês... Nós somos as mulheres, e não gostamos!

Ainda precisa dizer alguma coisa?

E uma frase dita por Mike Wellington (Christopher Walker), o "chefe" de Stepford e "vilão" do filme.

- E a única razão da sua fúria, do seu ressentimento, da sua raiva é muito simples. Está furiosa, porque nós pensamos nisto primeiro. Enquanto vocês tentavam se tornar homens, nós decidimos nos tornar Deuses.

Ou seja, para consegui superar a nova mulher, só sendo um Deus. Isso é muito forte.

Um filme para homens e mulheres, que se sentirão mexidos por um pensamento que nunca pensaram, mas que faz totalmente parte da nossa sociedade. Enfim... recomendo! Um filme de bom gosto, com um ótimo elenco, rápido e direto.

Nota: 9,00
Melhor Atuação: Para mim foi a do ator Roger Bart, no papel do cômico e elegante Roger Bannister. Destaque também para Christopher Walker, que faz as mesmas expressões em todos os seus filmes e é sempre excelente. E Nicole Kidman, que é destaque aonde quer que apareça.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O tempo.

Inspirado pela reportagem da São Silvestre exibida no Globo Esporte de hoje, que mostrou os corredores que chagaram por último, resolvi fazer esta postagem.



Pasalia Chepkorir e James Kipsang, respectivamente, vencedores da São Silvestre 2009
e

Adriana, última colocada na São Silvestre


Não, eu não vou falar que ela tem que se sentir uma vencedora, não importando a colocação que tenha obtido. Isso todo mundo já disse. É só que me fez pensar no tempo...

Se tudo é relativo, o tempo também é. Cinco minutos de euforia podem superar uma hora de monotonia. Ou - como tudo é relativo - pode ser ao contrário: cinco minutos de monotonia podem superar uma hora de euforia. O que há de interessante a se notar é que, além disso, o tempo é uma coisa atemporal. Um longo segundo de espera para quem tem pressa... uma rápida emoção para o aventureiro... um longo e lento lance de felicidade que deveria durar mais.
Somos quenianos, corredores profissionais, filhos do vento e acostumados a ganhar. Somos brasileiros, gordinhos que chegam ao final e rápidos no próprio tempo. Quarenta e poucos minutos para uns, três horas e quarenta para outros. Nesse tempo, quem viveu mais? quem respirou mais? quem se satisfez mais com o tempo fora de controle? quem?... Diga você, porque eu, que nem sei o que o meu tempo me diz e sei que talvez ele esteja mesmo mudo, não me arriscarei a dizer.

Resumo das festas.

O que tenho a dizer não tem nada a ver com promessas para um novo ano... na verdade, nem vou falar de mim, muito menos do ano novo. Vou falar das pessoas.

Farei um brinde (e não estou bêbado. Eu não bebo)!

Um brinde a todos os meus amores, e que eles não me escapem. Um brinde ao prazer que tive e ao prazer que você me traga. Um brinde a você que não me lê (o que quer dizer quase todos no mundo), e um brinde ao aumento de meus dias, que eles não acabem! Um brinde a mim, que me aguento nesse mesmo passo.

Por último, a tudo que estiver ao meu redor, e todos que estiveram comigo.

Preconceito.

O preconceito não é só essa coisinha de avaliar uma coisa sem a conhecer. Acredite, essa não é a pior parte. Na verdade, temos que dividir o preconceito em dois. Um: pré-conceito, como o nome já diz, é um conceito formado prematuramente. Dois: esse preconceito é uma coisa tão funda dentro do pensamento do preconceituoso, que parece mesmo não existir.

É desse "Dois" que tentarei falar.

Vamos dividir o mundo em duas partes: as pessoas "normais" e as pessoas "diferentes". Depois dividiremos estas em outras duas partes. Normais preconceituosos e normais não-preconceituosos. Diferentes preconceituosos e diferentes não-preconceituosos. Agora está claro? Dividimos o mundo em quatro partes!

Por que ser preconceituoso?

Aparentemente não há motivo algum. Mas a razão está num dos piores aspectos humanos, que é o famoso "pisar em cahorro morto". Desculpem o jeito de falar, mas a paciência de aguentar esse tipo de coisa já se esgotou em mim. Quando as pessoas vêm que alguém está em um nível mais "baixo" que eles, eles encontram aí a grande oportunidade em se sentir bem com isso. É o puro "rir das desgraças dos outros". Podem nem saber que estão fazendo isso, mas estão. Consideram-se muito evoluídas para serem movidas por esse sentimento retrógrado, mas na primeira opurtunidade estão falando o que não costumam falar, fazendo o que não costumam fazer, colocando, com um jeitinho imperceptivel, o alvo num patamar ainda mais baixo.

Existem pessoas que não podem ser tratadas como todas as demais.

Sim. Porém, a questão não é exatamente essa. Claro que você não vai dizer a um cego para ele atravessar a rua sozinho se ele lhe pediu ajuda. Claro que você não vai falar de mulheres gostosas com seu amigo que é gay. Claro que você não pode esperar que alguém corra sem que essa pessoa tenha pernas. E claro, um homem e uma mulher não são iguais.  Mas o que tem que ficar claro é que (aqui, infelizmente, terei que excluir os gays e o conflito homem vs. mulher. Isso não irá se aplicar a eles. Vamos falar em deficiências físicas). Mas o que tem que ficar claro é que eles não são idiotas. Ora, já pensou se alguém é, por exemplo, um mau jogador de futebol, e sempre que o preconceituoso o vê, vai até ele e diz: "Você quer uma bola nova e uma barra menorzinha para você ir aprendendo?" "Se você quiser eu fico te ajudando." "Ah, chegou o melhor jogador do universo, aquele craque que faz a torcida vibrar nas arquibancadas!"
Assim, o preconceituoso parece um idiota, não parece? Leve isso para outros aspectos e você verá que ele continuará sendo um IDIOTA!!!

Como reconhecer um preconceituoso.

Não aquele preconceituoso assumido. Não. Esse se consegue detectar só ao olhar em sua cara. Falo do preconceituoso oculto. E esse tipo só pode ser reconhecido por alguém que é atingido por seu preconceito. Vamos lá:
1. Observe como ele trata as pessoas e observe como ele lhe trata, considerando o grau de proximidade.
2. Veja se seus olhos brilham penalizados (eca!) para você.
3. Tente perceber se ele está tentando adivinhar o que você quer, por achar que sua vida é resumida. (Esse é clássico.)
4. Confira se ele tenta te ajudar antes mesmo de você pedir.
4-1. Conselho: agradeça e diga que não quer ajuda. Vinte segundos depois, chame-o e peça a ajuda de que precisava. (Isso é uma experiência íncrivel!)
5. Detecte seu tom de voz. Se você encontrar uma semelhança com o tom de voz que ele usa para uma criança, fudeu! se afaste.

Conclusão.

Bom, não preciso falar dos que não são preconceituosos, em parte porque estou falando do preconceito e não do não-preconceito, e em parte porque eles não fazem mais que sua obrigação. Quanto aos "diferentes preconceituosos", estes acreditam que esses daí de cima estão certos. Não há o que dizer sobre eles, pois não consigo entendê-los.

Defesa.

Talvez nem todos os preconceituosos sejam motivados pelo que eu disse no tópico "Por que ser preconceituoso?". Tratar alguém de todos os jeitos que acima mencionei, nem sempre significa o que também acima mencionei. Talvez seja sem querer... talvez seja um costume... talvez seja só um jeito de ajudar... Tudo é relativo!
Mas todos sabem identificar quando alguém está sendo maldoso ou não.