quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

All the lonely people... (Todas as pessoas solitárias...)

O mundo, no início (bem, não tão no início), tinha um problema: seus habitantes, apesar de olharem para as estrelas à noite, pensando que de lá pudesse vir algo que pusesse significado em suas vidas, não tinham realmente algo em que se apegar. Daí depois de alguns séculos surgiram alguns homens, cada qual em seu lugar, que chegaram à conclusão de que, SIM!, havia algo além das estrelas. Eles incutiram essa ideia na cabeça de outras pessoas, e como essas pessoas gostaram da ideia (e quem não gostaria?...), a ideia atingiu todo o globo.

Então, um belo dia (quer dizer, não um único belo dia. Vários belos dias em lugares e datas diferentes... enfim!). Em três belos dias, que nada têm em comum entre si, três homens resolveram oficializar aquelas ideias, que estavam um tanto controversas, ou auto-interpretativas demais; assim, eles conceberam regras - um manual de instruções de como lidar com toda aquela maravilha. Com certa divergência entre eles, mas que não dar para dizer que queriam coisas muito diferentes, o mundo conheceu o logos - o Uno, o princípio e o fim! Daí para frente, mesmo com todas as guerras santas e o temor do julgamento do Senhor, a vida foi injetada de muita alegria e graça - e as pessoas se sentiram acolhidas.

De lá pra cá as mentes se confundiram, os princípios entortaram-se e as virtudes se esconderam debaixo de um poço de egoísmo, medo e mágoa. Mesmo com o advento de Deus, as pessoas ainda se sentem desoladas e desprotegidas abaixo das estrelas que olhávamos em nossos sonhos passados. A tecnologia, a nova companhia e distração das massas solitárias, chegou para aplacar um pouco dessa solidão. Entretanto, menos efetiva ainda do que a proteção divina, a proteção tecnológica criou mais um problema: acabamos nos protegendo uns dos outros; em vez de romper barreiras, a tecnologia acabou deixando que as pessoas, acomodadas, deixassem de querer romper qualquer barreira - o que nos levou diretamente à solidão, mais uma vez. Agora o mundo anda vazio, meio molenga e as pessoas vivem por viver, sem graça e alegria. E a cada dia nos arrastamos como lesmas intoxicadas por rivotril. Ainda existe felicidade no mundo? Com certeza. Mas a felicidade de hoje nem se compara com a felicidade que existia nos anos de outrora. E com certeza ainda há tristezas - e bem maiores que as que se viram antes. Ou nos voltamos de novo às religiões (o que está cada vez mais difícil), ou sei lá o quê... Talvez seja algo normal, uma fase transitória do mundo. Ou as profecias estão certas e esse é o princípio do fim. Ou sejam só pessoas pirando no caos... Se for isso, melhor; depende só de nós.

Mas deve ter jeito; podemos nos unir mais, nos respeitar mais... ou não nos respeitar tanto, a ponto de ficarmos tão isolados em nossa ilha de respeito. Juntemos nossa solidão e sejamos solitários juntos! Esse é um pacto.